quinta-feira, 25 de junho de 2009

Memórias de metalinguagem


Eu ontem, passei o dia todo lendo um livro. Sabe aquele negócio de não querer parar? O nome é As Memórias do Livro e ele pode parecer um tantinho esquisito, pois há várias "quebras" na história. Vários personagens que se interligam pra contar a história de um livro através de 5 séculos. É uma leitura bem legalzinha. Eu gostei bastante, porque fala muito de historia. Aliás, a história começa em Sarajevo, Bósnia. Guerra, né? E eu gosto de narrativas que tenham guerra no meio. Mas o texto não é sobre guerra. É sobre um livro. E é meio estranho você encontrar um livro disposto a contar a história de outro livro.
Esse livro já tinha me chamado a atenção meses atrás nas Lojas Americanas da vida. E eu sempre com aquela preguiça imensa de comprar livro em supermercado - tá, chamar a Americanas de supermercado é desvalorizar, ela é a loja que uma vez eu disse que se só sobrasse ela na cidade eu estava feliz - mas dessa vez decidi ler e bom, não consegui parar. Ponto pro livro

terça-feira, 23 de junho de 2009

Todo o prazer... recordar!

Leite Derramado é a primeira obra que li do senhor Chico Buarque, cantor, compositor, dramaturgo e escritor. E é impossível não ler de um sorvo, em grandes goles, histórias de um velho centenário em um leito de hospital, cujas memórias - até certo ponto desconexas e repetitivas - são dirigidas à filha e às enfermeiras que pacientemente lhe aplicam injeções, levam-no para fazer tomografia e dão sopa - e não a goiabada com queijo que ele implora.
Eulálio narra a sua história e de boa parte de seus antepassados e sucessores, quase todos chamados Eulálio, nos últimos dois séculos. Este é um romance que mostra a burguesia em um tempo de eempobecimento, de decadência, talvez mesmo moral, das convenções familiares, traições e fugas de si mesmo.
Escrito, ao que parece, pra ser sem pausas, o livro é um primor de estilo e boa escrita. Lembra Saramago, na sua despreocupção com as formas, é meio histórico e quase épico, e mais que tudo, prende o leitor que espera as novas lembranças do doente para preencher as faltas do quebra-cabeça que é a história.
Me incentivou a ir atrás de outros livros do Chico.